Comunicação, Comunhão e Comunidade – O Ciclo Dinâmico dos Três “C”s

Em “Uma Dica para Envelhecer com Graça” falamos sobre um dos maiores sinais vitais que é o intercâmbio entre o interior e o exterior. Podemos ser ainda jovens, em aparência física e em idade cronológica, e ao mesmo tempo estar morrendo lentamente por dentro. Para evitar esse estado deprimente, precisamos manter as portas e janelas do nosso interior sempre abertas para novidades.
Essa atividade vital pode ser chamada de COMUNICAÇÃO. Precisamos falar com outros sobre coisas que consideramos importantes e precisamos ouvir de outros o que eles consideram importantes. Nossa sociedade, mesmo cristã, é cheia de pessoas que falam e poucas que escutam. Segundo Henri Nouwen, palavras podem ser muros ao invés de pontes (Espaço para Deus). Só o fato de você conviver com muitas pessoas diariamente não significa que está protegido da solidão. Para haver verdadeira comunicação, é necessário uma via de duas mãos. Ambas as partes precisam falar e ser ouvidas.
Mas, se ficarmos só no nível da comunicação, podemos ainda nos sentir solitários. O coração do homem, de acordo com o Agostinho, tem um buraco do tamanho de Deus que nenhum ser humano consegue preencher. E é aí que entra um aspecto da genialidade de Deus. É possível, no meio da comunicação entre dois ou mais seres humanos, surgir a presença divina, de forma tão palpável que todos os interlocutores saem sentindo que tocaram em algo maior do que eles mesmos. Nesse caso, é verdade o que é dito sobre a sinergia – o todo é maior do que a soma das partes.
Quando duas pessoas se comunicam com sinceridade, no temor do Senhor, pode surgir a presença de uma terceira pessoa – o Espírito Santo. É a isso que Jesus se refere quando diz que, onde estivessem dois ou três reunidos no nome dele, ele estaria no meio deles. Dessa forma, sabemos que ocorreu COMUNHÃO quando no meio da comunicação sentimos a presença de Deus. Quando saímos de uma conversa ou de uma reunião, sentindo que ouvimos algo superior a nós mesmos e a nossos interlocutores, podemos ter certeza que Jesus esteve entre nós e que a comunhão do Espírito ocorreu. Isso é alimento da alma e dá sentido para nossa existência. Quando provamos isso por um período e depois passamos um tempo sem experimentar, começamos a nos sentir anêmicos espiritual e emocionalmente.
Mas sem o terceiro “C” os outros dois ficam infrutíferos. Mesmo que estejam em ação em nossas vidas, continuamos frustrados, sentindo que algo muito importante está faltando. A comunhão só chega no seu ápice quando produz COMUNIDADE. Não estou usando esse termo para me referir a uma grande casa comunitária onde todos vivem juntos, felizes para sempre. Estou usando esse termo para falar sobre ações concretas, práticas, que surgem como fruto da comunhão. À medida que pessoas desfrutam da comunhão, começam a surgir ideias, planos, projetos, propósitos.
A terceira pessoa no meio de nós não é uma pessoa de natureza apenas teórica ou romântica. Pelo contrário, é uma pessoa muito prática, a mais prática de todas, porque foi ele que fez todo o mundo material. Quando duas pessoas de sexos opostos se curtam, se amam, se apaixonam, não se contentam apenas com isso. Querem se casar, avançar, levar o relacionamento para outro nível. Quando pessoas se tornam amigas e desfrutam de muita alegria e criatividade em sua comunicação, logo surgem projetos para fazerem juntas e que podem envolver mais pessoas. Quanto mais gostosa for a comunhão, mais intenso é o desejo de tornar essa comunhão permanente e de expandi-la para abranger outras pessoas.

Por Harold Walker
Texto retirado do site: www.revistaimpacto.com.br

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